terça-feira, 5 de abril de 2011

Limpeza sustentável da relação de transmissão

Esse é um dos assuntos mais polêmicos sobre a manutenção da motocicleta: Que produto passar na transmissão para tirar toda aquela meleca de graxa/fuligem/areia com eficácia, sem afetar as partes delicadas (especialmente tinta e borrachas) e sem agredir o meio ambiente. Claro, derramar uns pingos de gasolina na corrente limpa tudo e, claro, só sobra a corrente - a gasolina resseca todos os anéis de vedação que ficam entre os elos e isso faz com que a vida útil da relação de transmissão vá pro saco. Querosene é quase a mesma coisa, porque estraga igual, mas é menos eficiente e mais agressivo ao meio ambiente. Antes de considerar a parte ecológica da coisa, eu tradicionalmente mandava uma lata inteira de WD-40 cada vez que lavava a corrente das minhas motos. É financeiramente meio trágico, mas funcionava perfeitamente, até que a consciência me pegou: o destino daquela lata inflamável e cheia de aerosóis e etc, etc.. senti até vergonha.

Com várias tentativas sem muito sucesso, numa coincidente oportunidade troquei o óleo da moto e, por que não tentar, peguei aquela bacia de óleo velho, acomodei embaixo da corrente, e comecei a passar, com as mãos mesmo.. peguei um pouco, esfreguei na corrente, vazava de volta para a bacia.. mais um pouco, mais uma esfregada e de volta para a bacia e, como mágica, o prateado da corrente já apareceu. Incrível, o óleo dissolveu toda a sujeira e graxa, como se ficasse tudo homogêneo. Fui derramando, e aquele óleo cada vez mais preto e nojento - fiquei até convencido a usar luvas nas próximas vezes - deixava a corrente cada vez mais limpa e branquinha! O óleo, mesmo usado, não só conserva os anéis de borracha, como trata de fazer o trabalho de lubrificar nas "entranhas" dos elos. Você pode até reutilizá-lo em equipamentos menos exigentes, como a engrenagem/dobradiças do portão da sua casa, por exemplo.

A pergunta que surge com isso é: Esse óleo sujo é levado a um posto de gasolina, onde eles supostamente dão o devido destino como óleo usado. Mas será que essa sujeira, embora dissolvida, compromete um possível processo de reciclagem?

..E eis que há uma resposta do departamento de Engenharia e Aplicações da Shell:

"Nós não temos estudos específicos para este tipo de caso, mas entendemos que o tipo de contaminação que sai da corrente e vai para o óleo (poeira, areia, água etc.) não é diferente da contaminação de óleos de motores, por exemplo. Se olharmos o óleo de um carro que esteja com o filtro de ar saturado, encontraremos poeira e areia, assim como se houver alguma falha na vedação do sistema de arrefecimento, este líquido contaminará o óleo. Ainda se o carro for "flex fuel" ou a álcool, certamente a água contida no etanol pode ir para o lubrificante. Em relação à graxa, ela não é considerada um contaminante, já que também é proveniente do petróleo e pertence à mesma categoria do óleo. Sendo assim, acreditamos que o tipo de impureza encontrada nos óleos no seu ambiente de operação usual é a mesma que a do óleo que entra em contato com a corrente da moto."
Com isso, você pode considerar que limpar a relação de transmissão da sua moto com o óleo usado do motor é não só econômico e muito eficiente, como uma atitude exemplar de responsabilidade ambiental.

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