quinta-feira, 29 de março de 2012

Pneus Mitas Enduro na XRE 300 e tudo mudou

Se você tem uma XRE e, assim como eu, anda em asfaltos e em "estradas de terra", mas não pega trilhas, amigo, vem na minha: Fiquei encantado com a melhoria do desempenho da minha XRE depois que troquei o pneu da frente por um Mitas Enduro, completando o conjunto (o traseiro já vinha com o Mitas há 12 mil Km). Por isso venho compartilhar a boa experiência aqui.

XRE 300, ainda com Mitas atrás e Metzeler na frente.
Os pneus originais da XRE 300 (pelo menos até hoje, 2012) são os Metzeler Enduro 3 Sahara, 120/80-18 (62S) atrás e 90/90-21 (54S) na frente. As dimensões são aparentemente adequadas para a proposta de uma motocicleta de uso misto. A diferença desse para o Mitas fica na coerência, evidente no momento em que se compara, isoladamente, o uso do pneu e o uso da moto.
Metzeler Enduro 3 Sahara
original da XRE
Mitas Enduro, que substituio o
Metzeler na minha XRE

 A XRE em si, embora leve e magra, tem carenagem fixa na frente e banco em dois níveis, o que não dá muito dinamismo para se deslizar no banco (útil quando se precisa vencer obstáculos característicos de um terreno acidentado) e nem fazer manobras muito fechadas, pois o paralama não acompanha a roda e ocupa portanto um espaço a mais na frente da moto quando se explora todo o raio de giro. Então ela se dá bem também na terra, até porque tem cursos de suspensões bem altos (245mm na frente e 225mm atrás) e ela fica longe do solo (259mm). Mas "terra" não é "trilha" e no fim das contas, a vocação da XRE é mista sim, mas sugere um uso mais "on" do que "off". É aí que está a incoerência. 

O Metzeler Enduro 3 Sahara que vem na XRE da fábrica, apesar de não ter seus cravos trilheiros, os sulcos são fundos, a superfície de borracha é bem irregular e é um pneu extremamente flexível, com calibragem baixa (22 psi na frente e 25 psi atrás), que o deixa macio e proporciona especial desempenho na terra, mas deixa um pouco a desejar no asfalto, quando se exige uma superfície mais lisa, dura e estrutura mais rígida - principalmente no sentido de flexibilidade lateral. Propõe, portanto, um uso mais "off" do que "on".

O Mitas Enduro já é mais rígido, com menos "cravos" e usa calibragem muito maior (33 psi, tanto na frente quanto atrás), tem os sulcos igualmente profundos (ou até mais), mas superfície mais lisa - veja ao lado. Quando troquei o traseiro, escolhi uma medida um pouco maior (130/80-18). A vantagem de aumentar a dimensão lateral é um pneu mais estável, tanto na terra quanto no asfalto, porque fica mais pesado (reduz o centro de gravidade e dá estabilidade), além da moto poder inclinar mais, sem perder o contato da superfície do pneu com o terreno. A desvantagem de um pneu mais pesado, principalmente para motos de baixa potência, pode significar uma queda sensível no desempenho e aumento no consumo. No meu caso, a aposta foi compensar o peso maior pela sua superfície (menos cravos e mais contato), que proporcionou mais tração e compensou a diferença de peso. Ficou bem melhor. Eu tive uma XT600E com o Mitas (140/90-18) que foi apaixonante, por isso a recompra. Mas quando troquei, agora, o Metzeler dianteiro da XRE (aos 22 mil Km) pelo Mitas de mesmas dimensões, tudo mudou. A frente da moto ficou mais pesada e se equilibrou (um pequeno balanço, que nasceu com ela, desapareceu) e as curvas ficaram muito mais obedientes e confiáveis. A moto gostou, e muito.

Concluindo, os Mitas custaram cerca de 10% a mais do que custariam os Metzeler novos e responderam por uma diferença extraordinária de desempenho, conforto e segurança - no asfalto. Os novos Mitas tem índices de carga iguais aos Metzeler (62 atrás, ou 265 kg; e 54 na frente, ou 185 kg), e os de velocidade aumentaram de "S" (180 km/h) para "T" (190 km/h), o que não representa muita diferença, até porque a XRE não chega nem ao peso, nem à velocidade desses índices. O desempenho na terra seca muda pouco - para o meu uso, a chácara no final de semana, vai que vai. No barro, os novos Mitas não vão bem, mas o pé vai ter que trabalhar um pouco. E na trilha, seguramente, nem pensar. Por isso essa escolha deve ser feita com muita consciência do que você quer e de qual será a sua rotina, mas se pretende, na sua rotina, pegar um terrão pra se divertir, sugiro já começar pela Lander.