quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

O Dakar 2011 está começando!

Dia 1° de Janeiro será a tradicional largada do Rally Dakar, o maior rali do mundo, que vai até o dia 16. Este ano são 186 motos inscritas. Entre os brasileiros, estão Zé Hélio n°12 que correrá pela BMW Motorrad na BMW G 450 RR, Jean Azevedo n°33 pela Petrobras Lubrax na KTM 690, e Vicente Neto n°87 correndo pela Pro Tork na Honda CRF 450 X.

  
* Fotos do site oficial da Equipe Petrobras Lubrax - www.brasildakar.com.br

Esse ano rolou uma alteração interessante no regulamento das navegações. Até ano passado, os pontos do GPS eram liberados a 3 km dos WPM (pontos de passagem). Esse ano a liberação do GPS foi reduzida para 800 m, o que vai exigir muito mais dos navegadores.

Veja aí a rota do Rally Dakar 2011

Dakar 2011 - The route

DATASAÍDACHEGADA
01/01Buenos AiresVictoria
02/01VictoriaCórdoba
03/01CórdobaSan Miguel de Tucumán
04/01San Miguel de TucumánSan Salvador de Jujuy
05/01San Salvador de JujuyCalama
06/01CalamaIquique
07/01IquiqueArica
08/01DESCANSO
09/01AricaAntofagasta
10/01AntofagastaCopiapo
11/01CopiapoCopiapo
12/01CopiapoChilecito
13/01ChilecitoSan Juan
14/01San JuanCórdoba
15/01CórdobaBuenos Aires
16/01CHEGADA FINAL!

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

Os novos fabricantes e a lacuna entre 300cc e 600cc

Em 2010 (*) o Brasil deu o primeiro sinal de retomada efetiva no índice de motos vendidas no ano, com quase 1,9 milhões de motos, recuperando os índices de 2008, antes da crise despencar as vendas. O curioso é que esse é um índice nacional, mas a única região do Brasil que representou todo esse crescimento foi o Nordeste, com cerca de 10% de aumento de vendas, e que representa hoje 36% das vendas de motocicletas no país, ultrapassando o Sudeste. Quase 90% das motos vendidas no Brasil (especialmente no Nordeste) são de até 150cc. Tendência ou não, este índice obviamente ainda é motivo de atenção. Quase todos os 10% restantes representam as vendas de motos até 400cc e acima disso, são 2%.

Bem, um grande fabricante como Honda ou Yamaha não poderia facilmente inserir no mercado uma motocicleta de linha com exatas 450cc para cobrir o espaço vazio que temos hoje. Suas linhas de produção estão ajustadas para cumprir um fluxo de, no caso da Honda, mais de 1 milhão de motos de baixa cilindrada por ano, e interferir nesse fluxo para uma moto que provavelmente venderia 1% disso seria, no mínimo, caro demais. Contudo, a possibilidade de um dos novos fabricantes que hoje não atuam com baixa ou média cilindrada ajustarem a sua linha de produção para essa categoria carente é maior. KTM, Bramont (Triumph), BMW e Ducatti, são marcas mundiais de luxo que estão mirando o mercado brasileiro. Todas elas estão relacionadas a qualidade e desempenho e saber que estão chegando ao Brasil por preços pagáveis causa fervor em qualquer consumidor. A BMW foi eficaz e se adiantou na corrida com a G 650 GS e continuará crescendo a cilindrada com a F 800 R, que chegará logo logo. A KTM foi estratégica e entra em 2011 com a sua 200cc, que não fazia antes. Nenhum desses fabricantes, porém, tem ainda uma linha de produção ajustada para prospecções de tão longo prazo quando as já estabelecidas Honda, Yamaha e outras populares, e a inclusão de um projeto de média cilindrada nesse caso seguramente seria menos conflitiva - e mais lucrativa.

Mas isso parece não estar previsto. Os índices de venda de motos com baixa cilindrada seduzem os fabricantes ao olhar míope dos números atuais. A "nova classe média" brasileira passará os próximos anos consumindo fervorosamente tudo o que lhes puder proporcionar conforto, começando por imóveis, turismo, gastronomia, e logo mais passando para as suas devidas "atualizações" luxuosas, que enfim despertarão o questionamento exigente e a busca por produtos efetivamente diferenciados. Talvez seja o fim da CG, idêntica há décadas. Talvez não. O fato é que as soluções urbanas em um curto prazo darão espaço a scooters ou até motores elétricos, ainda que com a sua sustentabilidade ambiental polêmica no Brasil (uma vez ouvi do meu pai: "Se todos mudarem seus veículos para motores elétricos, que usina brasileira sustentará todo mundo carregando suas baterias ao mesmo tempo?"). De uma forma ou de outra, as necessidades sociais¹ dessa nova classe de consumidores brasileiros em breve estará satisfeita e saturada, e eles passarão a buscar o que lhes proporcione prazer, o que inclui viajar de moto ou simplesmente afirmar a sua diferenciação social por meio de, entre outras exibições, uma moto maior. Esta situação não tardará e quem começar a sua plantação nesse espaço ainda sem dono provavelmente fará uma boa colheita.

* Os dados são da ABRACICLO.
¹ Hierarquia das necessidades - Pirâmide de Maslow

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Salão Duas Rodas 2011: O que esperar?

O ano vai começar e quem está em vias de sua próxima moto vai mais uma vez enfrentar os grandes dilemas. Quais serão os lançamentos? Será que aquelas motos que andamos namorando nas revistas chegarão ao Brasil? Será que - vai a crítica - a Honda vai lançar alguma bigtrail na categoria 600cc ou vai continuar nos empurrando suas "trail"-[lacuna]-"maxitrail" goela abaixo? Será que vamos ganhar no catálogo nacional mais opções de fabricantes? KTM? Huskwarna? E o principal deles: Será que eu espero pra ver o que vai mudar?

A KTM vem chegando com a sua Duke 125 (200cc), a BMW provavelmente trará a maquiagem nova da G 650 GS, a naked F 800 RS e a Yamaha seguramente vai ter fila de compradores para a Ténéré 660 - eu realmente não sei o que será da XT 660 R, que embora seja uma ótima moto, foi-se o seu tempo e hoje sobrevive às custas do fã-clube dos XTzeiros, estes que migrarão rapidinho para a XTZ (Ténéré). As pequeninhas, já saturadas, rechearão o salão com opções de motores elétricos acessíveis e modelos asiáticos, os quais merecem sim ser considerados, porque em seus preços baixíssimos haverá uma minoria de qualidade perfeitamente aceitável, com uma boa relação custo x benefício - vide a Traxx, que como legítima chinesa, investe como quem não está para brincadeira. As grandalhonas assumirão definitivamente sua posição de luxo e provavelmente trarão tecnologias de ponta para oferecer àqueles compradores que disputam o status quo de quem paga mais.

O fato é que é a vez do Brasil na economia mundial e o mercado de motocicletas está acompanhando esse crescimento. Esse enriquecimento da população é convidativo para os fabricantes de motocicletas e estamos na hora exata de garantir a qualidade do que vai se estabelecer aqui nos próximos anos. Em alguma das edições da Revista Duas Rodas, vi que 60% dos compradores de motocicletas consideram design como o principal motivo de compra. Os outros 40% então se dividem nas questões práticas como mecânica, custos, manutenção, etc. Bem, a conta fica muito simples: se você fosse fabricante de moto e visse essa pesquisa, certamente iria investir 60% dos custos de fabricação no design, e deixaria os outros 40% para os "detalhes" de engenharia e serviços. E isso não tem cabimento. Por isso, tente fechar os olhos e refletir objetivamente no que você realmente quer de uma moto. Pense se você precisa de uma moto que tenha mais desempenho urbano ou na estrada, ou que tamanho de viagem você pretende fazer com ela. Depois, abra os olhos e veja quais são as opções que o mercado tem. Considere as nacionais e importadas, veja o preço das pastilhas de freio, do seguro, do "kit-tombo" (piscas, retrovisores, manetes). Veja quanto vai gastar com os acessórios, com as revisões periódicas. Leia o meu blog, outros blogs, compre revistas, veja os fóruns.. procure ver o que falam sobre as motos que você está considerando e valorize o investimento que você está fazendo. Você não está comprando uma caneta. São milhares de reais que você tira do seu bolso e entrega TUDO para um produto que você quer que te traga satisfação. Garanta isso.

Com esse envolvimento você certamente vai tropeçar em alguma notícia sobre os fabricantes e modelos que planejam entrar no Brasil nos próximos tempos. Ora, é claro que todas as motos atualmente em linha sofrerão mudanças ao longo de suas vidas. A questão é o tamanho da mudança. 2007 foi um ano de grandes mudanças: as regulamentações de emissões de gases - PROMOT-3 - junto com o cerco que a cidade de São Paulo fechou na inspeção veicular, obrigaram os fabricantes a adaptar os seus motores para a nova legislação, o que causou uma revolução no mercado. Quase todos os modelos de motocicletas que ainda trabalhavam com carburador passaram a adotar a injeção eletrônica. Se 2007 era a hora de comprar uma moto zero km carburada? Obviamente não. Mas essas alterações já foram feitas e a nova onda deve virar maré. Digo, motos populares (de baixa e média cilindrada) dependem de um fluxo de comercialização muito alto para que se tornem realmente lucrativas. Assim, para garantirem suporte de peças e baixo custo de produção, os fabricantes mantém seus modelos em linha por muito tempo. Isso quer dizer que os novos modelos populares como Yamaha Fazer, Factor, XTZ, Honda XRE, CB, Bros e outras destas categorias de média e baixa cilindrada provavelmente não sofrerão mudanças radicais nos próximos anos como sofreram quando se adaptaram à nova legislação nacional de emissões de gases. Agora elas já são bicombustíveis e com injeção eletrônica. Portanto, se agora, 2011, é uma boa hora para comprar a sua moto desta categoria? Creio que sim. De qualquer forma, a parte importante é justamente a pesquisa. Pesquise muito antes de fechar a sua compra. Motocicleta não é bolsa de valores. Às vezes, com alguns meses de espera você pode ganhar bastante dinheiro pela paciência.

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

As bigtrail estão chegando

A Revista Motociclismo começou, em 9 de Dezembro de 2010, o seu Teste dos 100 dias com a BMW G 650 GS. 2010 foi o primeiro ano da monocilíndrica 650cc no Brasil e está esmagando a Yamaha XT 660 R em número de registros/mês no Sudeste. Claro, as rebarbas no acabamento dos plásticos do antiquíssimo painel de 10 anos atrás, a pastilha de freio que dura 8 mil Km ou o custo de revisão acima dos R$ 800 com óleo francês são meros detalhes "que aparecem mesmo" após a compra. Antes de mais nada (e antes de mais nada), uma BMW leva a muito mais status do que uma Yamaha e esse é o primeiro sinal do absurdo que vemos na maioria dos consumidores.

O mercado nacional de motocicletas passou quase 30 anos carente de alternativa ao modelo absoluto da Yamaha, a Ténéré, que apareceu no Brasil na década de 1980. Desde que surgiu, a Ténéré ganhou freios a disco, carinha nova, faróis incrementados, mudou, desmudou. Enquanto o mercado nacional crescia, aumentava o seu poder de consumo e perdia o seu tempo de lazer, a consciência e inteligência dos consumidores foram perdendo espaço para a ansiedade e as considerações de preferência foram migrando da engenharia e do uso para a diferenciação social.

Assistindo a Yamaha nadar de braçada com a sua exclusiva opção bigtrail no Brasil, a BMW foi pra lá de atenta. Em 2009 estabeleceu lá os seus acordos fiscais com a fabricante brasileira Dafra e soltou a isca. Quando o lançamento da G 650 GS foi oficializado a fila de compradores já extrapolava as modestas expectativas da BMW para o Brasil. Claro, o mercado ganhou a sua segunda opção. Nos próximos dois anos, Yamaha, KTM, Kawazaki e Honda rechearão o mercado nacional com opções de motocicletas da categoria bigtrail e caberá a nós, consumidores conscientes, participar amigavelmente desses lançamentos para possibilitar que os fabricantes identifiquem o que nós realmente queremos. É simples, fácil, amigável. e todos ganham. E esta é a minha súplica.
O meu twitter: @guilhermeaudi

Yamaha XT 660 R: R$ 27.153,00*
A primeira bigtrail no Brasil, detentora de uma gigantesca comunidade de fãs "XTzeiros". É descendente da XTZ 600 Ténéré lançada na década de 1980. Conhecida por "topa-tudo", é resistente, muito potente e, em função do seu tempo no Brasil, está entre as motos mais visadas, com seguros chegando a 60% do valor da moto, dependendo do perfil do assegurado.
Pontos fortes: É potente e muito resistente, confiável para grandes viagens e tem custo de manutenção relativamente barato.
Pontos fracos: É muito visada, tem autonomia curta (cerca de 250 km) e é muito desconfortável na estrada, tanto para a garupa quanto para o piloto. 


BMW G 650 GS: R$ 29.825,00*
Sua chegada em 2010 foi a grande sensação do mercado de motocicletas: a primeira BMW fabricada (ou montada) fora da Alemanha. Foi uma adaptação da primeira F 650 GS, uma bicilíndrica que já mudou de layout. Aos que buscam vocação off-road, a G 650 GS é polêmica pela curta distância do solo e roda dianteira 19". É idealmente uma moto de engenharia inteligente, tem cavalete central, banco em dois níveis e aos que buscam grandes viagens pode ser uma boa opção, pois tem um motor relativamente "manso", que ultrapassa os 25km/l, permitindo uma autonomia além dos 400 km, além do ABS de série. Tem um acabamento visivelmente mal feito e os acessórios continuam importados, o que encarece muito o custo de manutenção.
Pontos fortes: Tem grande autonomia com seu tanque de 17l., é extremamente confortável e fácil de pilotar.
Pontos fracos: Mal acabamento especialmente nas partes plásticas, comandos mal posicionados, manutenção caríssima e a distância do solo é muito baixa: raspa facilmente o cavalete (antes do protetor do cárter) mesmo em lombadas, se a moto estiver com piloto e garupa.